Sombra de um grupo de pessoas

E o problema é antigo… a necessidade de métodos ágeis e novas formas de liderança

Rafael Cichini
em

Me vejo hoje apenas lutando por algo que já acreditava ser necessário quando eu tinha 21 anos. Começando minha carreira, começando a liderar pessoas, eu sentia que a forma que via a empresa operar, não funcionava. Tudo era imposto, pessoas eram tratadas como crianças, não delegavam responsabilidade, confiança era algo que não existia de imediato, que mesmo a empresa tendo te escolhido para desempenhar uma função, não significava que ela confiava em você, no seu trabalho. Além disso eu via que as pessoas não se sentiam responsáveis, não se sentiam parte do negócio mesmo demonstrando um enorme anseio por isso. Não eram TIMES de trabalho lutando por algo em comum, mas sim, seres individuais lutando para errar menos no modelo "COVER MY OWN ASS".

Hoje lendo este artigo que escrevi em 2006, e que na época foi publicado em vários outros sites, vejo que mesmo após 8 anos os problemas nas empresas ainda são os mesmos. Pelo menos na minha empresa, na nossa empresa aqui, as coisas já funcionam de uma forma diferente, e sinto que isso faz muito sentido hoje.

Me lembro de ter ficado feliz e satisfeito pelo artigo ter ganhado espaço em sites universidades, blogs de tecnologia, sites de gestão… foi parar até no site da microsoft…

Aí eu me pergunto, se o assunto era bom, fazia sentido, muitos se interessaram… o que explica nada ter mudado? O que explica essa omissão e medo das empresas de mudar para algo que já existem muitas provas de que funciona.

Não entenda isso como genialidade, eu não era um gênio com 21 anos, eu simplesmente vi o óbvio de forma rápida e clara, não me acomodei e tentei levar isso para começar a fazer as coisas de uma forma diferente, de levar para as empresas que passei e para a minha empresa uma forma de agir e ver as coisas diferente da maioria, mas não diferente de todos! Essa é uma daquelas coisas que você não fica feliz por só você saber e ser diferente, eu realmente gostaria de ver muitas outras empresas trabalhando desta "forma diferente".

Qualquer semelhança com o que é pregado nos métodos ágeis, no Beyound Budgeting, scrum… é mera coincidência. Não que estas discussões não fossem discutidas em meados de 2006, porém a força que tinham ainda era pequena no Brasil. E hoje infelizmente poucos usam de forma correta e a maioria usa os termos como discurso de venda ou mesmo por modismo, por ser algo "LEGAL"!

Veja o artigo abaixo que foi publicado em 2006:

Formar uma equipe é fácil, difícil é formar um time

Manter em sua empresa uma boa equipe de profissionais eficientes e motivados não é muito diferente do que fazem os clubes de futebol – para exigir amor à camisa ofereça alguns benefícios em troca.

Não é novidade que a rotatividade dos profissionais de internet é alta. E qual seria o real motivo deste vai-e-vem do mercado? O aspecto financeiro motiva a saída de um profissional. O ambiente da alta rotatividade dentro da empresa também, o que não é novidade. A grande questão é como reduzir o êxodo em massa da sua empresa ou até praticamente zerar este fenômeno.

Com o mercado aquecido, as propostas de contratação aparecem para os bons profissionais e poucos fatores podem fazer um profissional desistir da sua saída. Isso mesmo, desistir, pois sabemos que o mercado funciona na maioria das vezes desta forma: antes de comunicar a saída, o profissional comunica a proposta recebida para, possivelmente, receber uma contraproposta ainda mais motivadora.

Não vejo isto como algo ruim. Mostra muitas vezes que você tem do seu lado um bom profissional que outras empresas gostariam de somar em suas equipes. É um mundo muito parecido com o do futebol e a semelhança aumenta diante da ida de muitos bons profissionais brasileiros para outros países.

É claro que a comparação tem as suas particularidades, mesmo porque as cifras também são bem diferentes. Mas, assim como no futebol, é clara a necessidade de se formar bons times e não apenas equipes.

É muito importante buscar profissionais criativos, outros com um perfil de análise para colocar o projeto no chão e alertar os criativos na hora certa, um capitão para liderar e motivar internamente a equipe e chamar a responsabilidade e, claro, um bom técnico, com habilidade e desenvoltura para propor inovações e se comunicar com os clientes nos momentos bons e ruins de um projeto.

Parece brincadeira, porém no fundo os times bem sucedidos têm essa fórmula nada mágica, mas realista.

Um bom time precisa estar bem entrosado. Os profissionais devem estar em sintonia, ter um espírito empreendedor, conseguir enxergar além do óbvio, ou, em muitos casos, enxergar pelo menos o óbvio, coisa que não acontece em muitas equipes.

Os times devem ser formados por profissionais com raça, brilho nos olhos, concentrados, que não olham o dia todo para o relógio contando as horas para o dia acabar. Um bom time cria um vínculo de amizade e as difíceis horas extra tornam-se descontraídas e produtivas. Os profissionais que formam bons times sabem a hora de cobrir o outro e carregar responsabilidades que nem sempre são deles. O velho ditado de “uma mão lava a outra” é comum em bons times.

Além disso, duas palavras são muito importantes para se formar bons times: liberdade e liberdade. O profissional tem que sentir que a empresa é parte da equipe, que sabe cobri-lo quando necessário, até como forma de reconhecimento das vezes em que ele segura “rojões” para a empresa.

Com bons profissionais, que trabalham em sintonia dentro de um time e falam a mesma língua da empresa, a liberdade tende a somar para a produtividade, criatividade e uma duradoura relação entre o profissional e a empresa.

Outro ponto importante é o reconhecimento financeiro, com bônus e reajustes salariais antes das inesperadas e indesejadas propostas, para antecipar aquele momento em que o profissional pede uma conversa reservada, onde nem sempre sabe como justificar o que deseja. Não descuidar deste aspecto pode deixar a empresa na frente na corrida pelo bom profissional.

Estes fatores podem contribuir muito para, ao menos, minimizar a rotatividade dos seus times de trabalho. A combinação destes fatores insere o profissional em um ambiente prazeroso para desenvolver um bom trabalho, que passa a pensar e a pesar se é mesmo uma boa escolha quebrar sua rotina em um bom ambiente para arriscar algo novo.

Não é uma tarefa fácil para o líder formar um bom time, quando muitos dos bons profissionais já estão em bons times. É como garimpar: demora muito encontrar os profissionais que irão compor o seu time de sucesso. É uma tarefa que não tem fim, mas muito compensadora quando se consegue montar um excelente time.


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