A área da saúde está vivendo uma transformação sem precedentes, impulsionada pela rápida evolução da tecnologia e pela crescente demanda por soluções mais eficientes e personalizadas.
De acordo com a pesquisa TIC Saúde 2024, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic), 92% dos estabelecimentos de saúde no Brasil já utilizam algum sistema eletrônico para registrar informações dos pacientes. Entretanto, desafios significativos ainda persistem: 55% das informações são mantidas em formatos híbridos (papel e digital) e 6% ainda são exclusivamente registradas em papel.
Essa realidade evidencia as barreiras que o setor precisa superar para se alinhar à transformação digital. Embora as mudanças desencadeadas pela pandemia tenham acelerado a adoção de tecnologias em diversas frentes, elas não foram suficientes para acompanhar o ritmo das inovações globais. Ainda segundo o estudo da TIC Saúde, 14% dos médicos do setor público já utilizam inteligência artificial (IA) generativa em suas rotinas, enquanto no setor privado o número atinge 20%.
Globalmente, o mercado de tecnologia da informação em saúde apresenta uma projeção de crescimento anual de 15% até 2025, conforme dados da Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS). Este cenário reforça a importância das inovações digitais não apenas para garantir a competitividade, mas também para aprimorar a qualidade e a eficiência no atendimento.
À medida que a transformação digital avança, algumas tendências se destacam como protagonistas da evolução no setor da saúde.
Principais Tendências Tecnológicas para o setor da saúde em 2025 ↩
1. Inteligência Artificial e Machine Learning ↩
A inteligência artificial está remodelando o setor de saúde e, em 2025, seu impacto será ainda mais profundo. Ferramentas baseadas em IA já desempenham papéis críticos, como diagnósticos avançados, análise de imagens médicas, previsão de doenças e automação de registros médicos.
Além disso, assistentes virtuais e chatbots estão sendo extremamente utilizados para melhorar a interação com os pacientes, esclarecendo dúvidas, agendando consultas e gerenciando prontuários. A automação também é uma área em crescimento, reduzindo custos, otimizando operações em clínicas e hospitais.
Estima-se que o mercado global de soluções de IA na saúde movimentará mais de US$ 180 bilhões até 2030, segundo a Precedence Research. No Brasil, hospitais e clínicas têm intensificado investimentos nessas tecnologias para melhorar a experiência dos pacientes e atrair novos clientes.
2. Big Data e Análise de Dados ↩
O big data tem desempenhado um papel transformador na gestão de dados de saúde. Ele permite a identificação de padrões e tendências, ajudando tanto no diagnóstico clínico quanto no planejamento estratégico das instituições.
Ferramentas de análise preditiva, por exemplo, podem prever internações hospitalares e identificar surtos epidemiológicos em tempo real, permitindo intervenções preventivas. Essa capacidade de antecipação pode gerar economias significativas: um estudo da McKinsey estima que o uso de big data poderia economizar entre US$ 300 bilhões e US$ 450 bilhões por ano no sistema de saúde dos EUA.
Além disso, reduzir o desperdício e melhorar a alocação de recursos, o big data ajuda a personalizar o atendimento, promovendo tratamentos mais eficazes e centrados no paciente.
3. Blockchain: Segurança e Transparência de Dados ↩
O blockchain surge como uma solução robusta para questões de segurança e confidencialidade no setor de saúde. Por meio de uma cadeia de blocos criptografados, ele permite o armazenamento de dados médicos de forma imutável e acessível apenas para profissionais autorizados.
Essa tecnologia não apenas garante a integridade das informações, como também facilita a interoperabilidade entre diferentes provedores de saúde, promovendo uma visão mais abrangente do histórico médico do paciente. O blockchain também contribui para a redução de fraudes em ensaios clínicos e melhora a transparência em transações financeiras no setor.
Mas, há desafios para usar blockchain na área da saúde. Perguntas sobre quem é dono dos dados, custos e regras precisam de respostas. Líderes devem entender os lados bons e ruins do blockchain para fazer escolhas inteligentes.
O mundo da saúde está apenas começando com blockchain. Mas os benefícios são claros. Com o trabalho em equipe, planejamento e resolução de problemas certos, o blockchain pode tornar a saúde melhor para todos.
4. Automação: Eficiência e Redução de Custos ↩
A automação é uma das principais aliadas da modernização no setor da saúde. Assistentes virtuais e chatbots já são amplamente utilizados para tarefas como marcação de consultas, envio de lembretes e atendimento a dúvidas frequentes.
Essas soluções não apenas aumentam a eficiência operacional, mas também proporcionam economia significativa de recursos. Além disso, tecnologias automatizadas são utilizadas em processos administrativos e logísticos, como transporte de medicamentos dentro de hospitais, otimizando o uso do tempo e minimizando erros.
Além disso, ao integrar-se a sistemas de gestão, oferecem informações em tempo real, garantindo respostas rápidas e precisas. Isso é especialmente relevante em clínicas e hospitais que lidam com grandes volumes de atendimentos.
Outra vantagem é o suporte personalizado, disponível 24 horas por dia. Assistentes virtuais podem orientar pacientes sobre medicamentos, procedimentos e até fornecer informações básicas sobre tratamentos, promovendo maior engajamento.
Essa disponibilidade contínua fortalece a confiança e a satisfação dos usuários com os serviços oferecidos.
A redução de custos também é evidente. Ao substituir processos manuais por soluções automatizadas, instituições de saúde economizam em recursos humanos e otimizam seus fluxos de trabalho.
5. 5G e Telessaúde ↩
A implementação do 5G promete revolucionar a conectividade no setor de saúde, viabilizando consultas por telessaúde com maior qualidade e menor latência. Essa tecnologia permite o uso de dispositivos conectados para monitoramento remoto de pacientes, especialmente aqueles com doenças crônicas.
A combinação do 5G com edge computing possibilitará serviços em tempo real, ao reduzir a latência e processar dados mais próximos da fonte. A ascensão do 5G promove também avanços nas discussões e ações relativas à segurança de dados e compatibilidade entre versões.
O 5G ainda está avançando lentamente, mas tem expectativa de viabilizar respostas em tempo real para, por exemplo, médicos consultarem virtualmente procedimentos cirúrgicos, busca através de drones de salvamento em desastres naturais, além de consultas por telessaúde e realização de procedimentos de ultrassom.
6. Open Health: APIs e FHIR ↩
O conceito de Open Health busca centralizar e integrar dados médicos de pacientes, garantindo maior transparência e acessibilidade. No Brasil, a Estratégia de Saúde Digital prevê a unificação de dados até 2028, promovendo o uso de padrões como o FHIR (Fast Healthcare Interoperability Resources) para facilitar a troca de informações entre sistemas
O FHIR (Fast Healthcare Interoperability Resources) é um padrão de interoperabilidade para troca de dados em saúde, criado pelo HL7, que utiliza conceitos modernos da web para simplificar essa comunicação. Embora tenha sido lançado em 2014, sua adoção tem crescido significativamente, especialmente em sistemas ERP e camadas de interoperabilidade.
Falando em ERPs e EHRs, também identificamos um movimento relevante na criação de APIs que desempenham um papel crucial ao conectar sistemas, como Tasy e MV, permitindo a consulta e retenção de informações, mesmo em ambientes externos, como uma nuvem.
Adicionalmente, notamos uma forte tendência de colaboração entre associações e órgãos reguladores do setor, que já desativou um alto nível de troca de informações. Nesse cenário, soluções que promovem a automação no compartilhamento de dados e indicadores tornam-se cada vez mais indispensáveis.
Embora ainda não possamos garantir que o Open Health se concretize até 2025, é evidente que grandes avanços estão sendo realizados para viabilizar sua implementação nos próximos anos, impulsionados por iniciativas como a RNDS do DataSUS de saúde.
7. Biometria ↩
A biometria está ganhando espaço como uma solução segura e eficiente para autenticação no setor de saúde, trazendo soluções que oferecem segurança e praticidade para pacientes e profissionais do setor.
Substituindo métodos tradicionais de autenticação, como senhas e documentos físicos, a biometria utiliza características exclusivas do corpo humano – como digitais, reconhecimento facial e análise de íris – para verificar identidades de forma precisa e confiável.
Uma das principais vantagens dessa tecnologia na saúde é o aumento da segurança. Em ambientes hospitalares, onde o risco de erros humanos e fraudes documentais pode ser significativo, a biometria oferece uma solução precisa que praticamente elimina essas vulnerabilidades. Isso contribui para evitar trocas de pacientes, falsificações e acessos não autorizados a dados sensíveis.
Por exemplo, o uso de digitais ou reconhecimento facial permite que os pacientes realizem registros ou acessem serviços de forma rápida e simples, dispensando senhas ou processos mais lentos. Essa tecnologia também facilita a administração de prontuários e históricos médicos, garantindo que as informações estejam sempre atualizadas e facilmente acessíveis.
8. Gêmeos Virtuais ↩
Os gêmeos virtuais, réplicas digitais desenvolvidas do corpo humano, estão revolucionando o diagnóstico e o tratamento médico. Eles permitem simulações realistas de cenários clínicos, ajudando médicos a prever os melhores resultados de disciplinas e terapias.
Por exemplo, médicos podem simular a resposta do corpo a medicamentos ou cirurgias antes de realizá-los, minimizando riscos e otimizando os resultados. Esses modelos digitais também ajudam a testar novas terapias, identificando tratamentos mais eficazes com maior precisão.
9. Impressão 3D ↩
A impressão 3D continua a ganhar força, soluções personalizadas para próteses, implantes e equipamentos médicos. Essa tecnologia permite criar dispositivos sob medida, adaptados às necessidades específicas de cada paciente, melhorando a eficácia e a funcionalidade.
A personalização é um dos principais avanços da tecnologia de impressão 3D na área da saúde. Com o uso de dados provenientes de exames de imagem, como tomografias e ressonâncias magnéticas, é possível produzir próteses e implantes perfeitamente ajustados ao corpo de cada paciente.
Essa abordagem personalizada diminui significativamente o risco de complicações e melhora a funcionalidade dos dispositivos, pois são projetados sob medida para atender à anatomia específica de cada indivíduo.
Além disso, a impressão 3D possibilita a criação de próteses mais leves e confortáveis, utilizando materiais adaptados às necessidades particulares de cada usuário. Essa característica é especialmente benéfica para pessoas que dependem de próteses ortopédicas, auditivas ou dentárias, promovendo maior conforto e mobilidade no dia a dia.
10. Integração de dados e regulação ↩
De acordo com o estudo “Batidas de Esperança: Avanços em Cuidados Cardiovasculares na América Latina” , realizado pela Deloitte, o Brasil enfrenta como principal desafio a necessidade de desenvolver uma infraestrutura tecnológica capaz de integrar os sistemas de saúde. É essencial que os dados dos pacientes possam ser compartilhados de forma eficiente entre os profissionais da área por meio de sistemas interoperáveis.
A integração de sistemas tem se consolidado como uma tendência marcante no cenário empresarial. Organizações de diversos setores estão investindo em conectar plataformas e ferramentas específicas para otimizar operações e melhorar a produtividade.
Quando aprovada corretamente, a integração permite o fluxo contínuo de informações e processos entre diferentes sistemas, criando uma rede funcional e eficiente.
No setor de saúde, clínicas e consultórios que ainda operam com sistemas isolados enfrentam problemas como redundância de informações, erros humanos e processos mais lentos.
Por outro lado, a adoção de sistemas integrados elimina essas dificuldades, permitindo que as informações sejam atualizadas em tempo real. Isso não apenas agiliza as operações, mas também fornece uma base sólida para decisões mais rápidas e assertivas.
O Futuro do Setor de Saúde em 2025 ↩
Olhando para 2025, o setor de saúde estará voltado para o desafio de equilibrar os três pilares fundamentais: custo, acesso e qualidade. Historicamente, a escolha entre esses aspectos parecia excludente, mas o avanço tecnológico está mudando esse cenário. A tecnologia tem demonstrado que é possível integrar os três elementos, promovendo uma evolução conjunta.
Melhorias na qualidade, como a redução de fraudes, o acesso adequado aos serviços no momento certo e a otimização de custos por meio de maior produtividade e eficiência operacional, serão impulsionadas por tecnologias como automação, big data e inteligência artificial.
O uso de tecnologias como torres de controle será fundamental em 2025. Essas ferramentas organizam e higienizam dados, permitindo a identificação automática de fraudes, abusos e desperdícios nos serviços de saúde. Essa abordagem promete aumentar a eficiência e minimizar perdas nas operadoras.
Otimização da Jornada do Paciente ↩
No que diz respeito à experiência do paciente, a análise de grandes volumes de dados, provenientes de fontes públicas e privadas, terá um papel central. Essa análise permitirá identificar padrões e tendências, possibilitando diagnósticos mais precoces, o monitoramento de indicadores de qualidade e a personalização do atendimento, resultando em melhores resultados clínicos e satisfação dos pacientes.
Desafios na Transformação Digital ↩
Apesar dos avanços, o estudo “Mapa da Transformação Digital do Hospital Brasileiro 2024” revelou que a melhoria digital dos hospitais ainda é limitada. Entre os 189 hospitais avaliados, o índice de maturidade digital é de 46,19%. Entretanto, apenas 14% possuem estrutura de governança digital adequada, com comitês especializados e equipes engajadas.
Muitos criam soluções hospitalares que não atendem às necessidades do setor, devido à falta de governança e formação em competências digitais. Apenas 11% das instituições avaliam estratégias de treinamento para capacitar seus profissionais em tecnologias de saúde.
O Papel da SQUADRA na Transformação Digital ↩
A SQUADRA está liderando a transformação digital no setor de saúde, auxiliando instituições como Unimed Campinas e Unimed Belo Horizonte, Albert Einstein e Oncoclínicas. Com foco na co-criação de produtos digitais, integração de sistemas e automação de processos, melhorando tanto a experiência dos pacientes quanto a eficiência das operações.
Mais de 30 unidades da Unimed em todo o Brasil já foram beneficiadas, adotando soluções que combinam inovação tecnológica com estratégias voltadas para inteligência artificial, criando um ecossistema de saúde mais conectado e eficiente.