Ao entrarmos no novo milênio, Steve Krug, que até aquele momento era um simples consultor, lançou o livro que viria a se tornar referência no assunto usabilidade: "Não me Faça Pensar"
A ideia de criar interfaces em que o usuário não precise raciocinar para utilizar é algo relevante e importante que deve ser levado em consideração.
Em seu livro ele discorre sobre maneiras de se construir interfaces web de modo a evitar o "uso desnecessário de neurônios" por parte dos usuários.
Não me Faça Pensar ↩
Segundo Krug uma página web (essa ideia pode ser estendida para apps ou qualquer outro tipo de interface) deve ser evidente por si só, auto explicativa.
"Eu devo ser capaz de "entendê-la" (o que é e como usá-la) sem ter de me esforçar para isso" — Steve Krug
Se ao interagir com uma interface, um mar de dúvidas e perguntas inundam nossas mentes talvez isso seja o sinal de que algo está errado. A interface por si só deve comunicar seu objetivo, sua função. A essa característica alguns dão o nome de affordance percebido.
Muitas coisas podem desempenhar esse papel de forçar o raciocínio do usuário: desde um label mal pensado em um campo (Devo colocar meu nome completo ou só meu primeiro nome?) até um botão que deixa dúvida se realmente ele é um botão (Isso é "clicável"??)
Na maioria das vezes as pessoas não vão se animar ao descobrir que precisarão de uma graduação em física quântica pra compreender como ela deve fazer pra enviar uma mensagem através do seu formulário de contato.
É importante prestarmos atenção nesses elementos que podem gerar confusão, cada vez que fazemos o usuário pensar estamos fazendo-o perder o foco, a atenção da sua verdadeira tarefa. Isso é frustrante!
Essa primeira lei de Krug nos leva a outros dois princípios que nos auxiliam na tarefa de não fazer as pessoas pensarem (muito):
Cliques Hoje, Cliques amanhã, Cliques pra sempre… ↩
Muitos ainda ficam presos a antiga regra: Quanto menos cliques melhor… Bom, nem sempre!
Não importa quantas vezes eu tenho que clicar, desde que cada clique seja uma escolha impensada e não ambígua — Steve Krug
As pessoas não se importam com o número de cliques desde que cada um deles seja feita de forma "indolor" e que deixe claro que estão no caminho correto para o seu objetivo. É o que Nielsen vai abordar um pouco na primeira de suas 10 heurísticas: Visibilidade — preciso deixar claro pro usuário onde ele está e pra onde ele está indo e o que está acontecendo.
Na ansia de diminuirmos o número de cliques deixamos o "caminho" a ser percorrido menor porém mais confuso e obscuro. Novamente caímos no problema de "forçar" o usuário a pensar para achar e entender o caminho.
Quando não conseguimos evitar, e precisamos que o usuário pense e faça uma determinada escolha, é importante ajudarmos e orientarmos
Segundo Krug essas orientações devem ser:
- Breve: a menor quantidade de informação possível capaz de ajudar o usuário
- Oportuna: o usuário deve encontra-la quando ele quiser e precisar
- Inevitável: o usuário deve notá-la sem dificuldade
Texto everywhere ↩
É importante não inundar o usuário de informações (muitas vezes informação inútil, desnecessária)
Livre-se de metade das palavras de cada página. Depois, livre-se de metade das que restaram — Steve Krug
Temos a tendencia de colocar textos introdutórios que muitas vezes poderiam ser evitados. Leia e se pergunte: realmente é uma informação extremamente necessária? Consigo remove-la? Consigo resumi-la?
Lembre-se, quanto mais palavras e informações em uma interface, maior o ruído e a chance de algo distrair nossos usuários.
Conclusão ↩
O livro de Steve Krug traz muitas outras dicas e maneiras de deixar nossas interfaces simples e fáceis de serem usadas. Vale a pena a leitura!