Dados e Design

Dados e Design: uma união importante e necessária

Fabricio Zillig
em

Estava em uma roda de amigos conversando sobre televisores 4k, falávamos sobre a tecnologia envolvida, conteúdos disponíveis e tudo que você possa imaginar relacionado a esse universo televisivo. Durante a conversa, enquanto acessava meu instagram, vi uma publicação patrocinada incomum: TV OLED 4k a um preço promocional!

Independente de acreditarmos ou não que Mark Zuckerberg está escutando nossas conversas, uma coisa é certa: vivemos em um mundo cada vez mais conectado onde dados são coletados a todo momento das mais diversas formas. O conceito de privacidade, dados pessoais e métricas passou a ser um tema central e caro a muitas áreas.

Quando falamos porém em Design, e mais especificamente em User Experience, esse assunto parece alienígena e pouco familiar, um mundo complexo e de difícil entendimento.

Unir esses dois mundos deixou de ser uma opção e passou a ser uma necessidade! Mas como fazer isso com conceitos, a princípio, tão antagônicos?

Não existe Design sem dados…

O Design tem suas origens no século XVIII, durante a Revolução Industrial, um período de mudanças radicais na economia e principalmente na sociedade e surge desde o início orientado à dados, métricas e números.

O que antes era feito de forma unitária por artífices, agora era feito por máquinas operadas com o único objetivo de produzir mais por menos. Como fabricar produtos em série mantendo ainda a qualidade dos artesãos e a eficiência do processo fabril? É esse desafio que o Design vem para resolver.

O Design surge “com o firme propósito de pôr ordem na bagunça do mundo industrial” - Rafael Cardoso (Design para um mundo complexo)

Apesar de nos dias atuais a produção em série não ser mais o principal problema resolvido por designers, a alta conectividade e fluxo de informações que estamos mergulhados atualmente faz surgir problemas que antes não existiam, as relações entre as partes faz com que, do todo, comece a emergir resultados imprevisíveis.

Enquanto no passado, o designer estava restrito aos seus conhecimentos, agora ele tem à disposição um universo virtualmente infinito de informações.Essa realidade complexa nos forçou a inventar novas formas de solucionar os problemas apresentados porém a necessidade de coletar informações e analisá-las se manteve inalterada.

Precisamos entender as pessoas e como elas se relacionam com o mundo à sua volta para criar soluções que realmente resolvam seus problemas. Sem dados para se basear, o designer, cai no erro clássico de projetar para uma "ideia de pessoa" e não para uma "pessoa real".

Erros utilizando dados inadequados são muito menores que os erros utilizando nenhum dado.” - Charles Babbage

O lado escuro da força.

Enquanto analisar métricas e coletar dados parece um caminho natural e lógico para a criação e evolução de produtos, por trás dessa ideia se esconde uma realidade perigosa que não deve ser ignorada.

Um produto com foco em manter o engajamento e a retenção dos usuários alta parece uma boa coisa, certo? Talvez não.

Quando você coloca muito foco em um determinado número, você começa a tentar inventar novas maneiras de manter as pessoas “presas” - Aza Raskin, um dos primeiros criadores do "scroll infinito"

Produtos que utilizam de gatilhos e "armadilhas psicológicas" para reter, viciar e tornar seus usuários dependentes não podem ser considerado bons projetos. O foco nas métricas e nos números nunca podem ser o pilar sustentador do Design.

Métricas e dados são balizadores e nunca os objetivos finais do Design. O foco sempre deve estar nos usuários e em suas necessidades.

Uma visão humana dos dados

No momento em que foco apenas nos números e em soluções para melhorá-los estou desumanizando o meu Design e facilitando o surgimento de decisões que acarretarão em consequências ruins para pessoas.

O Design vem para auxiliar na análise dos dados através de uma lente mais humana. Dados são importantes e devem ser usados para ajudar na tomada de decisão mas nunca perdendo a Empatia como guia.

Dados não são apenas números. Por trás das métricas existem pessoas com necessidades, dores, culturas e ideias próprias.

A união de dados quantitativos e qualitativos podem e devem ser incentivados dentro dos processos de Design: Analisar dados quantitativos para criar insumo para entrevistas e através de pesquisas qualitativas achar respostas para comportamentos observados nos dados quantitativos.

Quando pregamos um Design Centrado no Usuário não estamos pregando um design sem dados e métricas mas sim um Design onde utilizamos de dados para atingir nosso objetivo primário: a criação de soluções efetivas para problemas reais de pessoas reais.


Serviços relacionados

Nós ajudamos você a liderar iniciativas de transformação digital na sua empresa.
Agende uma conversa