Com técnicas ágeis bem desenvolvidas, é possível identificar desperdícios financeiros, de tempo e de recursos humanos
Publicado em 20/06/2022
Tempo de Leitura: 4 min de leitura
Por Renan Viglioni*
A palavra “ágil” está na moda no ambiente corporativo — seja para definir uma das características mais desejadas das empresas (a eficiência operacional), seja para se referir ao modelo de gestão e desenvolvimento que ganhou corpo nas últimas duas décadas. A proposta da Cultura Ágil, em 2001, se deu com a publicação do manifesto para orientar a criação de softwares.
Mas diante da transformação digital, seu protagonismo cresceu para outras áreas e fez as organizações aumentarem o investimento no tema. A questão é que ainda hoje a maioria desconhece os verdadeiros impactos nos negócios.
Para se ter uma ideia dessa expansão, a 15ª edição anual do State of Agile Report, realizado pela empresa Digital.ai, indica que praticamente dois terços das companhias (65%) possuem larga experiência com o Ágil, ou seja, acima de três anos de implementação — além de 94% do total admitir que possui projetos nesse sentido. Para mais da metade (52%), o Ágil faz parte da rotina de toda a companhia ou em quase a sua totalidade. Desenvolvimento de software, TI, operações e Marketing são as áreas que mais se beneficiaram com essa proposta.
O problema é que a implementação de uma metodologia ágil vai muito além das técnicas já consagradas, como Scrum e Kanban. São importantes, sem dúvidas, mas são apenas ferramentas. Não dá para implementá-las e julgar que a companhia já é ágil. Esse modelo se desenvolve no dia a dia, isto é, nos processos que envolvem toda a empresa e não apenas um ou outro time. Está na colaboração e na comunicação entre os profissionais, na priorização de tarefas e no alinhamento de estratégias. Em suma: faz parte da estrutura do negócio, e evidentemente, impacta significativamente seu crescimento.
O melhor exemplo disso é justamente a concepção do time to market, compreendido como o tempo necessário para a empresa desenvolver uma solução e lançá-la ao mercado. Um bom projeto ágil, com o envolvimento de todos os times, consegue encurtar e melhorar esse período de resposta. Isso exige um trabalho fluido entre os diferentes profissionais e departamentos, além de garantir que as técnicas ágeis estejam em todas as etapas do projeto. Iniciativa que ainda possibilita o planejamento e a criação de serviços capazes de atender seu público, antecipando-se à concorrência em muitos casos.
Outro impacto positivo de uma Cultura Ágil de verdade é a eficiência operacional. Sabe aquele mantra de fazer mais com menos? Pois bem, esse modelo preza justamente por esse tipo de atuação. Com um bom planejamento, e claro, técnicas ágeis bem desenvolvidas em todas as etapas do projeto, é possível identificar desperdícios financeiros, de tempo e de recursos humanos e corrigi-los antes que impactem no trabalho. Com essa visão Lean, os profissionais conseguem se dedicar com mais afinco às suas tarefas, otimizando ainda mais a produtividade. Não há nada mais frustrante numa corporação do que destinar bastante tempo a uma iniciativa e perceber que ela não será útil.
A proposta do Ágil pode – e deve – ser defendida nas organizações. Empresas que implementam projetos do tipo tendem a alcançar melhores resultados que aquelas que seguem um modelo tradicional no desenvolvimento de suas soluções. Entretanto, como em quase tudo nas empresas, é necessário ter inteligência, planejamento e dedicação para alcançar os objetivos esperados. Além, é claro, de ter o envolvimento dos líderes e profissionais C-Level para garantir que todos os processos saiam conforme o esperado. O primeiro passo é saber que as técnicas ágeis podem até ajudar, mas são apenas meios. O verdadeiro fim é alcançar a tão sonhada rentabilidade a partir de processos inovadores e eficientes.
*Renan Viglioni é Head Of Agile Community da Squadra Digital
Veiculado originalmente em: EXAME