Transformação digital

Qual o papel do Design na transformação digital?

Squadra
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Muito se fala de transformação digital e pouco se fala do papel do design dentro deste contexto. A idéia aqui é abordar a importância que hoje que o design tem para o negócio.

A primeira coisa que vem na cabeça ao pensar em transformação digital é tecnologia, mas sabemos que hoje a tão sonhada transformação vai muito, mas muito além da tecnologia. É preciso repensar a estrutura, fluxo de operação, cultura e modelo de negócio. E este é um trabalho difícil, pesado e que muitos ainda não estão dispostos fazer.

Vemos muitas mudanças nas áreas de TI, muita gente falando sobre squads ágeis, muita gente redesenhando seus sites, apps, plataformas, muita discussão sobre UX. Mas ainda vemos poucos falando de Design para resolver problemas reais de negócio.

Não é porque a minha formação é Design que eu estou puxando sardinha para o meu lado, muito menos por ser fundador de uma empresa 100% focada em Design, a Grená. O fato é que hoje o design assumiu uma posição estratégica no negócio e na transformação do negócio e designers assumiram possições estratégicas também, alguns viraram CEOs de grandes empresas de tecnologia.

Mas o que explica esse movimento? Porque o design hoje tem sido visto de outra forma?

A cabeça do designer é diferente, é um misto de pesquisador, as vezes psicologo, com um alto senso de percepção humana e sensorial, e com uma habilidade de sintetizar de forma visual e de fácil entendimento coisas que são difíceis de explicar.

Apesar de todo este espaço conquistado, muitas empresas ainda resumem design a forma e visual. UX e UI. Não usam ainda design na camada estratégica. Até vemos design estratégico sendo aplicado em projetos de tecnologia, em produtos e projetos digitais, usando técnicas de Design Thinking, mas pouco vemos sendo aplicado no planejamento estratégico, na definição dos objetivos, no mapeamento de oportunidades, na definição de uma nova idéia.

O Design tem um potencial incrível de simplificar todo este processo estratégico, trazendo simplicidade, perguntas certas, contestação, desconstrução e inovação. Se queremos transformar de verdade, temos que fazer isso onde as coisas nascem, levar o design para o início do processo e não no final, na entrega de tecnologia. Além da capacidade de envolver de forma humana muitas pessoas em um mesmo objetivo, o designer tem sensibilidade de gerar conflito e também de resolver estes conflitos, que muitas vezes são necessários no processo criativo e de inovação.

Quando comecei a pensar na Grená, no porque deveríamos ter uma empresa 100% com este foco, eu pensava em negócio. UX e UI sequer vinham na minha cabeça. Quando lancei a idéia de uma nova empresa para o nosso time, eles mergulharam em criar fluxos de trabalho baseado em problemas de negócio, e também numa trilha de aprendizado, para conseguirmos disseminar dentro das empresas o pensamento de design e mais que isso, o jeito de discutir e ter idéias para resolver problemas. É muito louco como isso não é óbvio. Boa parte do mundo ainda vê o design como UX e UI apenas. (pelo menos não falam mais de desenho industrial)

Nós Designers não queremos só fazer telas bonitas, Design não é sobre isso, nós queremos transformar o negócio através do olhar humano, do olhar para o cliente, pois temos certeza de que este caminho leva a resolver problemas reais do jeito certo. E apesar de ouvirmos isso com frequencia, poucos estão fazendo isso.

Nós não estamos dizendo que as grandes consultorias não são mais necessárias para o negócio, nem temos hoje pretensão de dizer que fazemos o que elas fazem, pois não somos, e nem queremos fazer o que elas fazem. Nós somos enxutos, lean, rápidos e focados. E é disso que estamos falando. Queremos isso, queremos ser o que propomos que nosso cliente seja. Queremos resolver com nossos clientes da forma simples que resolvemos os nossos problemas.

O mercado hoje precisa de menos BOOK de transformação e mais AÇÕES de transformação. E a melhor transformação é aquela que vai acontecendo enquanto você está fazendo e entregando. As empresas precisam de uma visão macro de pra onde ir e pequenos planos estratégicos em papel de pão, que serão jogados fora, feitos em um sistema puxado, quando a demanda existe. Afinal, o foco é o resultado e não o book do plano. É preciso pensar de forma simples com foco para entregar clareza para times de operação e tecnologia lá na ponta. Entendemos que o design é o meio para simplificar e acelerar a solução de negócio e guiar a construção de novos modelos, produtos e serviços.

Ainda vemos este trabalho consutivo sendo feito de forma antiga, mas continuam com a ilusão de que os times ágeis lá na ponta é que vão resolver a mudança. Não, não e não! A coisa precisa seguir um novo fluxo, uma nova forma de encarar as coisas. É muito mapeamento para pouca mudança. E os processos ainda sendo redesenhados sem um olhar para quem está envolvido no processo, sem uso de service design.

Mais do que dizer que o design é a solução de todos os problemas, é dizer que a colaboração, o pensamento lean, a empatia e colocar o cliente no centro é a solução dos problemas. É que concidentemente o design usa tudo isso para guiar soluções que resolvam ideias ou problemas.

São poucas as empresas que já abraçaram o design na camada de negócio, mas as que estão fazendo isso estão se transformando mais rapidamente. Sei que é um processo difícil, é necessário se despir da forma que sempre se pensou em negócio, é abrir mão do ego, abrir mão as vezes do status. É ser mais maker do que executivo. É descer lá onde as coisas acontecem, sentar junto e entender de verdade para ver como as coisas acontecem na vida real.

Comece a analisar as empresas que estão ganhando o jogo da transformação, comece a ver como as lideranças estão atuando, como os processos estratégicos estão sendo conduzidos, como o olhar para o cliente saiu do marketing e virou realidade em todos os pontos da operação, veja como a estrutura organizacional começou a mudar. É aí que estão as respostas. É aí que você conseguirá entender mais sobre como Design e agile podem realmente ajudar empresas nesta transformação.

Por último eu queria levantar uma polêmica. Porque mesmo ainda dizemos TRANSFORMAÇÃO? Eu vejo esta palavra hoje como uma constante, ela continuará viva por muito tempo, pois a transformação não vai acabar. Entramos num ciclo de que vencer é momentâneo e que para continuar vencento é necessário ter uma cultura de melhoria contínua, uma cultura de nunca se acomodar com o status quo.


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