Hoje em dia, não há mais um debate explícito se testes de software deveriam ser feitos ou não. Há um consenso entre os analistas e desenvolvedores sobre a importância dos testes num ciclo de desenvolvimento, garantindo assim uma qualidade maior na entrega do produto.
Costumamos a dizer que a única justificativa para um projeto não incluir testes é se ele for “descartável” ou obsoleto. Um software que não funciona corretamente pode levar a muitos problemas, inclusive a perda de dinheiro, de tempo e reputação comercial.
Você provavelmente já teve uma experiência ruim com softwares e aplicativos que não funcionaram como o esperado. Quando isso acontece, podemos notar a importância da realização de testes que buscam sempre minimizar a ocorrência de erros, falhas e defeitos nessas aplicações.
Portanto, é fundamental entender a importância dos testes, reconhecer o seu valor e quando ele pode vir a gerar custos desnecessários ao projeto.
Neste artigo, procuramos abordar alguns tópicos para ajudar você a entender sobre o assunto e começar a disseminar a cultura dos testes, tanto para os times que você trabalha quanto para os processos da empresa. Vamos adiante!
Neste artigo abordamos os temas:
- O que são testes de software?
- Os profissionais por trás dos testes de software
- Custos x Benefícios
- Quando testes de software adicionam valor?
- Como os testes de software são usados na prática?
O que são testes de software? ↩
Fonte: FreePik
De uma forma geral, os testes de software são uma maneira de avaliar a qualidade dos softwares, no qual se busca identificar erros, defeitos e falhas de operação. Isso quer dizer que um bom teste de software é aquele que consegue revelar bugs na aplicação.
O teste de software é uma atividade que tem alguns objetivos como:
- verificar se os resultados obtidos através do uso do produto correspondem aos resultados esperados (testes de validação);
- tentar reduzir o risco de falhas nos sistemas através da procura de qualquer elemento que afete a qualidade das aplicações.
Nessa conjuntura, o conceito de qualidade de software é levado em conta, pois espera-se que o processo de desenvolvimento ou produto final atinja níveis de qualidade específicos para que o software não apresente falhas ao usuário.
Por isso, é muito importante cobrir o máximo de cenários de testes antes do software ser entregue ao usuário final, pois quanto antes os defeitos forem detectados, rapidamente serão corrigidos e menor será o custo, contribuindo assim para a qualidade do sistema.
Além disso, os testes são necessários para verificar se os requisitos contratuais ou legais atendem aos padrões específicos de regulamentação e normas. Tudo isso gera impacto financeiro, legislativo e reputacional ao negócio.
Por fim, é preciso entender que teste de software é muito mais que executar testes. É um processo que inclui muitas atividades diferentes, como planejamento, análise, modelagem, implementação, relatórios e avaliação de qualidade.
Os profissionais por trás dos testes de software ↩
Em um passado recente, o teste de software era uma fase desempenhada apenas no final do ciclo de desenvolvimento. O papel do Analista de Testes, ou profissional de QA (Quality Assurance), era analisar, planejar, executar testes, validar a documentação, entre outras atividades inerentes ao seu cargo.
Para ser um bom profissional de QA, era necessário se comunicar com clareza, saber interpretar as regras de negócios, determinar as prioridades e conhecer ferramentas de gestão de bugs. Desse profissional não era exigido a habilidade de programar. Os testes ficavam restritos apenas à técnica denominada “Teste de Caixa Preta”, conhecida também como testes funcionais. Muitas vezes, a equipe de testes era distinta da equipe do projeto e a área era vista apenas como um custo extra e que impactava na entrega final do produto.
Em algumas empresas, os testes eram realizados pelos próprios desenvolvedores, acarretando em softwares de baixa qualidade, visto que o desenvolvedor tem uma visão diferente do profissional de QA.
Como a área de tecnologia caminha rápido, houve mudanças significativas ao longo do tempo e novas metodologias de desenvolvimento surgiram, impondo uma nova dinâmica para as equipes de projeto.
Nesse contexto, os testes para a qualidade do software deixou de ser um item opcional e passou a ser visto como uma etapa obrigatória, sendo aderida por todo o time do escopo. Assim, os testes que antes eram vistos como custo pelas organizações, passam a ser vistos como investimento, e passaram a ocorrer desde o início do projeto.
Com a valorização da área de qualidade de software, houve um aumento da exigência do conhecimento dos profissionais que estão envolvidos em testes. Então do profissional de QA é exigido que seja capaz de fazer muito mais do que apenas executar testes manuais.
O QA contemporâneo precisa ser proativo, analítico, ter a expertise em compreender o negócio, facilidade para escrever cenários de testes que cubra todas as features e automatizar esses cenários. Os desafios são muitos, pois antes de começar a automatizar, deve-se ter domínio da ferramenta de automação, avaliar os custos e o tempo disponível, além do conhecimento em alguma linguagem de programação.
Tanto para o profissional de QA quanto para os demais integrantes de um time, é notório os desafios presentes no dia a dia. Dessa forma, as mudanças foram ocorrendo e com elas a criação de novas capacitações, compartilhamento de conhecimentos em grandes eventos de tecnologia voltado para qualidade de software e para atuação do QA no mercado, com intuito de discutir os assuntos mais atuais da área.
Sabendo da importância do QA dentro dos times, as empresas têm demandado cada vez mais por esse profissional de perfil mais “completo” e generalista. Dessa forma, as organizações maduras têm apoiado no desenvolvimento das novas habilidades exigidas, havendo assim uma convergência de interesse.
O primeiro profissional quer superar os desafios apontados acima e ser cada vez mais estratégico dentro do time, prezando sempre por um software que seja entregue com qualidade, enquanto o segundo quer um produto entregue no menor prazo e com qualidade para evitar retrabalho.
Custos x Benefícios ↩
Testes de software demandam tempo. Sendo assim, precisamos tomar cuidados para que os benefícios gerados cubram os custos. Para isso, pode ser utilizado métricas para mensurar se os testes são eficazes, suas características de qualidade, qual tipo de testes focar, entre outros. Um ponto importante a ser levado em conta é o fator de entropia.
Ao longo do tempo de manutenção de qualquer software existe uma escalada muito forte nos custos quando há ausência de testes. Assim, os testes trazem a tentativa de mitigar os riscos dessa entropia ou retardar esse fator. Veja o exemplo no gráfico abaixo:
Diante desse fator, estabelecemos uma relação de que testes colaboram com a melhoria da produtividade, ou seja, permitem um desempenho maior na medida que se reduz o empenho.
Quando testes de software adicionam valor? ↩
Esperamos que até aqui você já esteja plenamente convencido de que vale a pena investir em testes de software. Ainda assim, é importante apontar os benefícios e valores reais que podem ser obtidos para sua empresa, seja qual for o tamanho ou segmento.
Resumidamente, um bom teste é aquele que fornece um feedback rápido. A execução de testes e correção de defeitos, se aplicada desde o início do projeto, garante uma redução de custos exponencial quando comparada a outro projeto que teve testes nas etapas finais do ciclo de desenvolvimento.
Para ficar mais claro, listamos alguns benefícios:
Testes dão feedbacks mais rápidos ↩
Como já citamos, os testes proporcionam agilidade na validação durante as várias fases de um projeto de software. Isso proporciona melhorias na comunicação entre os desenvolvedores, testadores, designers e product owners permitindo que bugs em potencial possam ser imediatamente corrigidos.
Melhora a organização ↩
A implantação de testes induz uma melhor organização do código, das builds e do processo de entrega. Com feedbacks mais rápidos e automáticos, os desenvolvedores são estimulados a serem mais criteriosos e cuidadosos em suas entregas.
Reduz o tempo de entrega ↩
Os testes demandam uma parcela de tempo do ciclo de desenvolvimento de uma aplicação. Isto significa que, até mesmo as mais simples melhorias na eficiência dos testes podem fazer uma enorme diferença. Apesar do tempo de setup, os testes de software demandam bem menos tempo para serem executados. Por permitirem a constante execução dos casos de testes, validá-los se torna mais fácil. Em resumo, poderá reduzir significativamente seu time-to-market.
Documenta e mensura a qualidade ↩
Com os testes, o gerenciamento de defeitos do software se torna consideravelmente mais fácil. Os bugs podem facilmente compor dashboards de qualidade para avaliar a eficiência do processo de desenvolvimento existente.
Gera motivação ↩
Se os feedbacks são lentos resultam em um descompasso com a equipe de desenvolvimento. Se as correções do desenvolvimento demoram, geram descompasso com os testadores. Ambas as equipes ficam frustradas, pois sentem que sua comunicação tem muitos ruídos e não está fluindo. Um planejamento eficaz dos testes, onde é possível ver os resultados finais, quebra esse ciclo de ineficiência. Isso é um desafio porque todos em uma equipe são responsáveis pela qualidade, além do QA que dissemina a cultura de processos de qualidade e que deve compreender as atividades e como elas se relacionam, dependendo de como é feita a divisão da equipe, os aspectos de qualidade pode ser tratados por pessoas diferentes.
Mais segurança e controle para o software ↩
Agora entramos na parte da automação dos testes de software que serão feitos. São comuns os casos de profissionais virando a madrugada para reparar bugs no ambiente de produção, principalmente em sistemas onde a segurança é um fator crítico. Isso impacta significativamente na entrega e qualidade do produto final. Testes automatizados, por sua vez, podem realizar diversas verificações de brechas de segurança, evitando que um código com erros atraia hackers e usuários mal-intencionados.
Como os testes de software são usados na prática? ↩
Para dar um exemplo, na Squadra Digital, os testes de software alinhados com gestão da qualidade sempre foram tratados com muita responsabilidade. Os testes sempre estão presentes nos projetos, sendo uma prática disseminada na cultura tech da empresa.
Os projetos que temos atuado ultimamente tem sido uma experiência enriquecedora, principalmente pela abordagem da metodologia Scrum para gestão de projetos ágeis de acordo com cada contexto. Em um projeto específico, focamos os esforços para ter especificações de casos de testes mais objetivos e baseadas no fluxo do processo de negócio de um órgão governamental. Por ser um projeto modelado em BPMN (Business Process Model and Notation) e orquestrado por uma ferramenta de workflow, trabalhamos com teste de serviços utilizando a ferramenta Postman para realizar chamadas em uma API Rest. Esses serviços foram testados individualmente e, desse modo, foram realizados testes de integração de API, onde verificamos se a comunicação e mapeamento entre serviços e microsserviços estavam ocorrendo de forma esperada, seguindo todo o fluxo de processo automatizado utilizando o workflow.
Para a grande maioria do time foi a primeira experiência com a ferramenta de workflow, sendo um desafio superado com o avanço do projeto e colaboração dos envolvidos, adquirindo novos conhecimentos, estratégias e habilidades técnicas/comportamentais para lidar com as eventualidades do cotidiano.
Esperamos que este texto tenha sido útil para você entender o básico sobre testes de software, seu valor e contribuições para o sucesso de um projeto.
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