Imagem de uma mulher assistindo filme.

Três filmes que falam sobre liderança

Ronaldo Marciano
em

Na maior parte dos meus artigos para o blog da Just, usei o cinema como pano de fundo, porém, neste, mais do que fazer analogias, quero também indicar alguns filmes que falam sobre liderança.

Sei que esse assunto é um pouco batido e talvez eu não consiga fugir de alguns clichês, mas acredito que renovar seu conhecimento sobre algo já difundido é tão importante quanto criar algo novo.

Outro dia, estava conversando com um amigo e ele me disse que adora ler, pois os livros  geram inúmeros insights sobre situações reais. Pra mim, os filmes ajudam a entender muito sobre situações cotidianas.

Essas são as minhas conclusões sobre liderança em três ótimos filmes, com personagens icônicos:

Star Wars – Mestre Yoda

Não escrevo sobre um dos personagens mais marcantes do universo Star Wars à toa. Por conta do lançamento do sétimo filme da saga, acabei assistindo alguns deles e a participação do mestrão é massiva.

Foi aí que me veio a sacada de que esse é um tipo raro de liderança no cinema.

Apesar de seus 75 centímetros de altura, Yoda liderou o conselhoJedi por muitos e muitos anos e, pelo pouco que conheço sobre Star Wars, os tais Jedi’s são pessoas sensitivas a uma poderosa força que só se pode ser controlada através de muito autoconhecimento e habilidade.

“Um Jedi usa a Força para sabedoria e defesa, nunca para o ataque.”

Ou seja, o Mestrão Yoda não é pouca shit!

Fica claro que ele é um excelente mentor, sendo seu conhecimento e sabedoria suas maiores características de liderança. Algumas de suas citações, nos levam a entender isso.

“Faça ou não faça. Não existe tentar.”

A nave de Luke está afundando em um pântano e o mestrão pede para que ele use a força para erguer a nave e retirá-la do atoleiro, o menino Luke diz que vai tentar. Na mesma hora, o Yoda solta essa frase acima! Óbvio que o seu pupilo Luke se esforça, mas não consegue e ainda aceita a derrota! Então, o Mestre se concentra e, usando a força, remove a nave do pântano.

A lição clara desse ato é a liderança. Caso você queira que seus colaboradores tenham um determinado comportamento, demonstre primeiro em si aquilo que deseja nos outros e aumentará muito a chance disso acontecer. A partir dessa cena, o treinamento do Luke decola, pois ele deixa de tentar e começa a fazer.

“O medo é o caminho para o lado negro. O medo leva a raiva, a raiva leva ao ódio, o ódio leva ao sofrimento.”

Anakin Skywalker (Darth Vader) sempre foi um jovem perturbado, vítima de algumas surpresas que o destino reservou para ele. Foi embora do local onde foi criado para se desenvolver e se tornar um Jedi, deixando para trás sua mãe e seu primeiro amor, com a promessa de voltar para resgatá-la. Após alguns eventos, ele decidiu voltar, mas era tarde, pois ela havia morrido. Nesse período, ele conheceu melhor Padmé Amidala, eles se casam e logo ela engravidou. A ameaça da morte de sua esposa trouxe consigo a possibilidade de sofrer novamente, o que faz com que ele se deixe corromper.

O Mestrão Yoda sabia desse risco iminente, mas, quase como um coach, ele não interferiu no curso das coisas, e tentou através de sabedoria fazer com que o próprio Anakin encontrasse seu caminho.

“Sempre passar o que você aprendeu”

Na minha opinião essa é a frase mais f*** de todas, pois a qualidade e efetividade da sua liderança está totalmente alinhada com a quantidade de líderes que você forma e inspira. Acho que, no cinema, ninguém conseguiu fazer mais isso que o Yoda, e não é só pelo fato de o mesmo possuir 900 anos.

Um Domingo Qualquer – Tony D’Amato e William Beaman

Toda vez que estou trocando o canal e vejo que está passando esse filme eu fico puto por já ter começado e, se ainda não começou, não troco de canal por nada!

Al Pacino, encarna, maravilhosamente, o coach Tony D’amato. Muita gente que escreve sobre a liderança implícita nesse filme sempre ressalta a preleção na parte final, mas vou procurar fugir um pouco disso e destacar outros pontos que me chamam atenção toda vez que assisto esse puta filmaço.

Seja apenas mais um do time!

Com toda sua experiencia no ramo, D’amato já passou por inúmeras situações que o ajudam a prever problemas ou até mesmo influenciar seus jogadores a partir de falhas que cometeu em sua carreira como jogador. O que consigo perceber é que ele fala a mesma língua que os liderados e isso é fundamental! E mesmo num cenário em que as pessoas já tenham dinheiro, fama e sucesso, a liderança continua sendo efetiva.

Crie um ambiente onde todos possam ser eles mesmos

Logo no começo do filme, as coisas ficam complicadas para o coach, que perde o capitão do time e também seu substituto, mas aí vem uma das partes mais inspiradoras do filme. Entra em cena William Beaman (Jamie Foxx), um jovem talentoso, porém imaturo, despreparado e extremamente inseguro. Quando Beaman entra em campo, demonstra estar tremendo na base. Vomita por nervosismo e não consegue passar nem mesmo as instruções para os “parças”, sem falar nos passes errados e jogadas que não existem. Percebendo isso, D’amato chama ele de canto e se inicia o seguinte diálogo:

Bummm! E como mágica Beaman, sem o peso nos ombros, descola um puta lançamento e um touchdown, mas logo em seguida ele falha novamente e o time perde, porém o coach vai lá e dá uma moral para ele e ainda diz para o time todo que se existe um culpado, essa pessoa é ele.

Gere fusão a partir de conflitos

O filme se desdobra mostrando que, por conta de ser um líder que mais pensa em si próprio do que no time, Beaman deixa o sucesso subir à cabeça, isso faz com que os conflitos só aumentem, deixando o time por um fio antes da final. É aí que o coach D’amato faz o que todo bom líder deveria fazer: dá uma bela sacudida no time e faz com quem todos deixem as diferenças de lado em busca de algo maior.

E acaba gerando união a partir de pontos de vista diferentes.

https://www.youtube.com/watch?v=ydMddW6tA68

Invictus – Nelson Mandela

Conta a história de um dos maiores seres humanos que já viveu durante a mítica copa do mundo de Rugby, vencida pela África do Sul em 1995.

François Pienaar, capitão da seleção de rugby, vivido por Matt Damon no filme, teve a sorte de ser coachee de ninguém menos que Nelson Mandela, vivido por Morgan Freeman. Questionado sobre quem ele gostaria que o interpretasse nos cinemas, o então presente da África do sul, escolheu ninguém menos que Freeman. O  resultado dessa escolha foi nada menos que uma indicação ao Oscar de melhor ator.

No filme, Mandela havia saído há pouco tempo da prisão na qual conseguiu manter sua mente, alma e coração intactos por 27 anos. Após ganhar a eleição para presidente, ele enxergou na Copa do Mundo de Rugby uma chance de unir o país. Porém, existia um problema, a África do Sul sempre foi fraca nesse esporte.

O tipo de liderança que vejo em Mandela no filme é a de um líder conciliador e visionário, isso ajudou o capitão a encontrar um propósito e, como consequência, o time também passou a ter o seu.

O esporte era racial, só quem era branco gostava, a maioria negra desprezava, sempre torcia por todo e qualquer adversário da seleção. Para piorar, existia apenas um negro no time.

O Coach

Uma certa tarde ele convidou o capitão para tomar um chazinho na casa presidencial. Mandela conversava com ele provocando seu pensamento, fazendo com que o próprio capitão tirasse suas conclusões e encontrasse seu caminho.

A atitude de Mandela era incompreendida até mesmo pelos funcionários do governo. Todo mundo achava sem sentido a dedicação do presidente ao esporte, pois o país sobrevivia de forma precária.

É nítido que ele estimulou os pensamentos do capitão e provocou alguns conceitos existentes nele. Exerceu o papel de um líder parceiro, que entrega uma missão a quem ele acredita ser capaz de cumprir, tentando fazer Piennar ter sangue nos olhos para conquistar o objetivo, mantendo foco para que ele conseguisse fazer acontecer. A vitória da copa de Rugby é a representação de que uma grande conquista só se da por conta do coletivo. Mais do que estar preparado, é preciso querer vencer.

Atitude de um líder refletindo em pequenas ações

Mandela mandou muitas “positive vibrations” ao time, através de identificação. Na semifinal, colocou a farda do time e foi ao estádio como um legitimo torcedor. Decorou o nome de todos os jogadores, quebrando o gelo e se tornando chapa deles, fazendo com que eles se sentissem mais importantes. Desceu no campo, mesmo sendo um alvo fácil por conta do ódio racial, cumprimentou cada atleta pelo nome, interagiu com o público, mostrando que estava lado a lado com o time.

As pessoas tinham curiosidade em relação a rotina de um homem que passa 27 anos preso em uma cela minúscula e, segundo Mandela, sua paz de espírito vinha de poemas. Foi aí que o capitão, tocado pela proximidade com “Madiba”, deu um pulo até Robben Island, onde fica a prisão onde ele esteve. Isso fez com que ele ficasse impressionado, o que gerou uma empatia enorme, aumentando ainda mais a admiração do capitão pelo líder africano.

No jogo mais importante do campeonato, “Madiba” pediu para o capitão ler um poema ao time antes do jogo, o poema se chamava Invictus!

A soma de todas as atitudes provocaram uma mudança não só no time, mas no país inteiro e óbvio que o time conseguiu um feito imenso, ser campeão da copa do mundo de rugby batendo a poderosa Nova Zelândia.

Por trás de grandes feitos, sempre haverá grandes líderes e não há dúvidas de que Mandela foi um excelente líder!


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